Folha de S.Paulo: “Em 13 anos de governos do PT, os mais pobres tiveram 129% de aumento da renda e os mais ricos 32%”

16/12/2015 | Brasil 1994/2014

O jornal Folha de S.Paulo é de oposição aos governos do PT e à presidenta Dilma. Mas em um estudo acaba de reconhecer: “Em 13 anos de PT no poder, o Brasil distribuiu sua renda como em nenhum outro período da história registrada pelo IBGE. Todos ganharam. Quanto mais pobre, melhor a evolução. Foram 129% de aumento real (acima da inflação) na renda dos 10% mais pobres. No decil mais rico, 32%”. Isto quer dizer que, sob os governos do PT, os ricos continuaram ricos e os pobres ficaram menos pobres. Este é o principal “crime” do PT: a promoção de uma ampla inclusão social. O PT está sendo criminalizado pelos seus acertos não pelos seus erros. Os casos de corrupção não podem ser debitados apenas aos petistas, existem corruptos em todos os outros partidos, como PSDB, PMDB, PSB, DEM, PPS e outros partidos. Veja aqui o estudo completo da Folha.

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Melhorias se deveram principalmente ao trabalho 

Não é verdade que as melhorias que tiveram milhões de brasileiros se devem apenas aos programas sociais, especialmente ao Bolsa Família. A Folha de S.Paulo reconhece isto: “Na base da pirâmide, gastos sociais como Bolsa Família e Previdência tiveram forte influência. Mas o trabalho foi determinante para a melhora da renda no período”. Os dados da Folha são os seguintes: a) na parcela dos 10% mais pobres, as melhorias na renda se devem ao trabalho (59%), Bolsa Família (31%) e previdência (10%); b) na parcela de 40% mais pobres, a renda melhorou pelas seguintes razões: trabalho (72%), previdência (17%) e Bolsa Família (11%). Na parcela dos 10% mais ricos, a melhoria da renda se deveu ao seguinte: a) trabalho (85%) e previdência (15%). 

Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo analisa os números da reportagem da Folha: “Quer dizer: num país em que a desigualdade social é o maior e mais arraigado dos males, um real câncer, são números que merecem aplausos de pé. Nenhum desafio para o país é maior do que o de reduzir a iniquidade. O abismo entre os poucos ricos e os muitos pobres é uma chaga muito mais deletéria do que a corrupção. Quanto mais igualitária uma sociedade, menos corrupta ela é. Os países nórdicos estão invariavelmente na ponta nas listas de países com menor grau de corrupção, e o motivo é exatamente o igualitarismo. Você proporciona boa educação gratuita às crianças, ensina a elas noções vitais de ética, dá a todos boas oportunidades, protege os mais desfavorecidos e cria uma cultura segundo a qual praticar corrupção é um horror. Sonegar na Escandinávia, como faz abertamente a Globo, por exemplo, transforma você num pária. Por mais pecados que o PT tenha cometido em 13 anos, e não são poucos, o fato de ter dado foco aos desvalidos o redime”.

Imprensa brasileira joga sombra até onde existe luz

Paulo Nogueira continua: “Você tira muitas conclusões dessa reportagem da Folha. Uma é que isso – a redução – foi escondido estes anos todos, o que é um absurdo, quase um crime de lesa pátria, dado o tamanho abjeto e histórico da desigualdade. Era algo que a Folha deveria ter feito na campanha de 2012, para ajudar seus leitores a entender melhor o que estava em jogo. Outra é a inépcia do PT em se defender: como o partido não levantou, ele próprio, este tipo de coisa? Estudos dessa natureza jogam luzes onde existem sombras, o que é a tarefa mais nobre do jornalismo. Mas a imprensa brasileira faz exatamente o oposto, ou por má fé ou por incompetência: joga sombras até onde existe luz”.

Pulo Nogueira explica um paradoxo: “E então você entende o paradoxo do trabalho da Folha. Mesmo com fatos acachapantes, apenas 31% dos brasileiros acreditam que sua vida melhorou nestes 13 anos de PT. Ora, ora, ora. Com o massacre cotidiano da imprensa sobre primeiro Lula e agora Dilma, a percepção das pessoas é que nestes 13 anos só houve corrupção. Avanços sociais foram censurados numa mídia partidarizada, aparelhada pela direita e frequentemente desonesta. E denúncias de corrupção, verdadeiras ou imaginárias, foram estupidamente ampliadas – não genericamente, mas contra um alvo específico: o PT. Isso quer dizer o seguinte: é fácil, é simples explicar o paradoxo. As melhoras não são sentidas porque elas são soterradas por um noticiário envenenado”.

Combate à desigualdade é o maior “crime” do PT

Nogueira conclui: “E é exatamente pelo combate à desigualdade que a mídia – a voz da plutocracia predadora – tanto luta para derrubar o governo. Não há propósitos moralistas na campanha da imprensa contra Dilma e Lula. O que existe é apenas a mesma lógica que a levou, no passado, a investir contra Getúlio e contra Jango. A lógica das empresas de jornalismo é esta: defender seus interesses e os da classe que representa, a plutocracia. Para sorte da sociedade, apareceu o jornalismo digital, com sites independentes e livres que funcionam como um contraponto potente ao esforço da mídia em manter o Brasil como um dos recordistas mundiais em desigualdade social. Modestamente, nos orgulhamos de pertencer a este bloco de sites”.

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