
Jornal Hoje em Dia: “Energia eólica prova ser viável e cresce”
Tatiana Moraes
Hoje em Dia – 22/02/2016
O Brasil ingressou há pouco no mercado de energia eólica, mas já caminha para se tornar uma potência internacional. O país, que ocupa a décima posição no ranking dos maiores produtores da eletricidade gerada a partir do vento, está cotado para ultrapassar a Itália ainda em 2016 e pular para a nona colocação. Até 2020, a previsão da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abe Eólica) é a de que a bandeira brasileira figure entre as dos cinco principais produtores de eólica do planeta.
O país começou a produção comercial de maneira tímida, em 2004, com a injeção de 6,6 megawatts (MW). O volume era irrisório. Em 2005 houve uma lacuna, retornando a produção em 2006 com 208,3 MW de potência. Até que saltou, em 2014, para 2.784 MW e, em 2015, para 2.655 MW. Para este ano, a expectativa é a de que 2.281 MW sejam injetados no Sistema Interligado Nacional (SIN), conforme relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em 2015, os parques eólicos brasileiros somavam 8.720 MW de potência instalada, ou 8,72 Gigawatts, e chegaram a9 GW na semana passada. O montante equivale à usina de Belo Monte, a segunda maior do país, e é suficiente para abastecer cerca de cinco milhões de consumidores, ou seja, mais do que o Paraná. “A Itália injetou 200 MW na rede no ano passado. O Brasil está injetando de 2 a 3 GW por ano”, comemora a presidente da Abe Eólica, Elbia Gannoum. No entanto, ela ressalta que ultrapassar a China é praticamente impossível. “A China cresce um Brasil de energia por ano”, afirma Elbia.
Os investimentos no setor também são ressaltados pela executiva. Afinal, nos últimos dois anos foram investidos R$ 30 bilhões e criados cerca de 81 mil postos de trabalho de todos os tipos, desde chão de fábrica até executivos.
A expansão é resultado da viabilidade comercial desse tipo de geração. Enquanto o megawatt-hora (MWh) comercializado nos últimos leilões pelas grandes usinas, como Belo Monte e Jirau, girou em torno de R$ 80, o MWh das eólicas foi pouco superior a R$ 100, conforme afirma o presidente da CMU Energia, Walter Fróes. “As eólicas foram mais competitivas do que as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)”, diz o especialista.
Ele afirma, no entanto, que a escalada do dólar pode atrasar projetos. Embora Elbia lembre que o Brasil já possui fornecedores de geradores e turbinas, que são o coração das torres eólicas, Fróes afirma que muitos dos fabricantes são, na verdade, empresas de montagem. “O produto é importado e montado no Brasil. Com a alta do dólar, acredito que o megawatthora das eólicas não deva ficar abaixo de R$ 200 nos leilões, perdendo um pouco da competitividade no curto prazo”, diz.