Jornal O Tempo: “Em dez meses, lagoa pode ser palco para esportes náuticos”

22/03/2016 | Meio ambiente

Começou nesta quinta (17 de março) o tratamento do espelho-d’água da lagoa da Pampulha, última etapa da despoluição de um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. Depois de diversos prazos descumpridos, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) prometeu, em evento de lançamento do trabalho, chegar a dezembro sem que haja cheiro ruim na orla, com a pesca liberada e até mesmo com a realização de esportes náuticos, como stand-up paddle. O principal objetivo da ação é garantir o título de patrimônio cultural da humanidade para o Complexo Arquitetônico da Pampulha.

A limpeza iniciada nesta quinta será feita diretamente na água e vai se estender aos córregos da bacia. Em uma primeira etapa, será utilizado o produto chamado Enzilimp, que degrada a matéria orgânica e reduz os coliformes fecais. Na segunda etapa, será usado o Phoslock, com função de reduzir a quantidade de fósforo, principal causador do mau cheiro.

A meta é terminar todo o tratamento em dezembro. Nessa data, a expectativa é que a água da lagoa da Pampulha seja enquadrada na classe 3. No critério estabelecido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), a água poderá ser usada para irrigação, além de haver liberação para pesca e até mesmo abastecimento humano, após tratamento.

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Entenda. A promessa inicial do prefeito Marcio Lacerda era a de que a despoluição estaria concluída no primeiro semestre de 2014, antes da Copa do Mundo. O prefeito argumentou nesta quinta que a demora se deu porque houve atraso nas obras da Copasa, de captação e tratamento de esgoto da bacia da Pampulha.

“Nós adiamos o processo de limpeza porque a Copasa não estava conseguindo cumprir seu cronograma de coleta de esgoto dos córregos que deságuam na barragem em função de problemas de desapropriação. Então nós seguramos esse processo, e ela (Copasa) hoje nos confirma que até o fim do ano terá concluído essa intervenção”, explicou. Hoje, 87% do esgoto da Pampulha é coletado e tratado pela Copasa. Para viabilizar a limpeza da lagoa, é preciso chegar a 95% até dezembro.

Na avaliação do secretário municipal de Obras, Josué Valadão, melhorias já serão verificadas antes mesmo da conclusão do trabalho. “Após seis meses de serviços, já conseguiremos retirar o mau cheiro. Reduzindo os índices de fósforo, há uma diminuição da quantidade de algas, principal causa do mau cheiro”, explicou.

Depois de dezembro, a limpeza estará completa, porém, para garantir que a água não volte a ficar poluída, será feita manutenção por mais 12 meses. Essa etapa e a limpeza custarão R$ 30 milhões – a verba é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Saiba mais

Análise. Para definir o tipo de tratamento, foi feita análise de sedimentos e de material poluente por dois laboratórios no Brasil e um na Alemanha.

Experiência. O mesmo tratamento foi realizado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, para evento-teste da competição de vela para as Olimpíadas de 2016. Ele também foi utilizado para despoluição de lagos nos Jogos de Pequim 2008 e Londres 2012