Jornal O Tempo: “Potencial da energia solar ainda é subutilizado no país”

15/03/2016 | Meio ambiente

Ludmila Pizarro

Jornal O Tempo – 22/02/2016

A participação da energia solar no sistema elétrico brasileiro ainda é tão pequena, 0,02%, que até a energia nuclear, representada pelas usinas de Angra 1 e Angra 2, é 70 vezes maior, ou 1,4% da capacidade instalada. Os dados são do resumo geral dos novos empreendimentos de geração elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional (Aneel) que engloba a geração até dezembro de 2015. Veja a tabela abaixo. O documento ainda informa que apenas em 2018 a energia solar vai aumentar sua participação no Sistema Integrado Nacional (SIN). Atualmente, são 34 usinas solares com capacidade de gerar 21 MW. Até 2018, porém, estão programados para entrar em funcionamento 41 empreendimentos fotovoltaicos, que vão aumentar em 1.172 MW essa participação. Mesmo assim, a energia solar ainda não deverá empatar com a nuclear, pois a produção das usinas de Angra dos Reis é hoje de 1.990 MW.

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Segundo o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) Rodrigo Lopes Sauaia, a expectativa do setor é que a energia solar alcance 4% da participação no SIN até 2024. Ele ainda cita o acordo assinado pelo governo brasileiro na Conferência Mundial sobre o Clima (COP-21), que determina que a matriz energética do país terá 23% das fontes renováveis solar, eólica e biomassa, até 2030.

Mesmo com esses avanços, o potencial da energia solar ainda é subutilizado. “A energia solar no Brasil tem um potencial de geração que é maior do que a soma do potencial de todas as outras fontes de energia renováveis juntas”, afirma Sauaia. Segundo o presidente, o potencial hídrico brasileiro é de 280 Gigawatts (GW), o eólico é de 300 GW, e o solar ultrapassa 10 mil GW. “Se usássemos células fotovoltaicas nos telhados brasileiros, a geração seria 2,5 vezes a necessária para abastecer todos os domicílios do país”, diz Sauaia.

Para o diretor da Sunlution, empresa que desenvolve projetos de energia solar, Orestes Gonçalves Junior, o investimento em energia solar demorou a chegar. “(O governo federal) demorou para começar a incentivar a energia solar, começou há três anos. Na energia eólica, esse incentivo vem de dez anos atrás”, avalia. Para Gonçalves Junior, “o incentivo agora chegou. Mas ainda poderia ser mais agressivo”, opina. Nesse quesito, o diretor diz que o mais importante seria o governo aumentar os financiamentos na área. “O governo poderia aumentar o acesso ao financiamento para acelerar esse processo”, afirma.

Execução é mais rápida. A média para construir uma usina solar fotovoltaica é de seis meses, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Já uma usina nuclear tem prazo de 66 meses para ficar pronta. “Além de ser de rápida instalação, a usina fotovoltaica tem um impacto ambiental muito menor que as outras fontes de energia”, explica o presidente da Absolar Rodrigo Lopes Sauaia.

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