Seul transforma uma via elevada em um original jardim urbano

31/05/2017 | Meio ambiente

Com um quilômetro de comprimento, parque dispõe em ordem alfabética 228 espécies botânicas do país

EL PAÍS Brasil – 28/05/2017

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Skygarden reúne 228 espécies de árvores e plantas locais no centro de Seul.

 

Algumas das grandes cidades do mundo querem voltar a acolher seus pedestres. Nesse processo, compreenderam que suas vias elevadas são apenas o símbolo de um progresso mal entendido. Por isso, muitas dessas construções estão sendo transformadas em parques urbanos a vários metros de altura, como o famoso High Line, em Nova York. Seul, na Coreia do Sul, deu na semana passada um passo mais longo, criando em uma delas um viveiro em pleno centro. Mais de 24.000 árvores e plantas compõem esta gigantesca biblioteca botânica ao ar livre chamada Skygarden.

 Nos últimos tempos, Seul foi notícia devido a casos de corrupção política e consequentes protestos de seus cidadãos. O Skygarden é por isso mais que uma cura verde para uma cidade de mais de 10 milhões de habitantes e mais de 3 milhões de veículos registrados; as autoridades tentam se reconciliar com propostas como essa com os habitantes da capital sul-coreana.

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Este jardim urbano foi aberto ao público em meados de maio de 2017  / Estudo MVRDV

 

Durante os anos setenta surgiram em Seul vias elevadas como tentativa de aliviar o excesso de tráfego. Na verdade, somente contribuíram para contaminar o ar. Seus elevados custos de manutenção e uma crescente consciência sustentável condenaram ao desuso essas estruturas.

A prefeitura da cidade permitiu a construção desse “dicionário botânico vivo”. É assim que gostam de chamá-lo seus criadores, do estúdio de arquitetura holandês MVRDV, quando falam do projeto com Verne.

 Essa estrutura se transformou num calçadão com um quilômetro de comprimento que liga o famoso mercado Namdaemun a alguns bairros do centro. Nele se abrigam 228 espécies botânicas diferentes, a 17 metros de altura e em rigorosa ordem alfabética.

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Vista noturna do Skygarden/ EFE

 

“O desafio era conseguir que um volume de cimento se tornasse algo mais natural e atraente, com um desenho prático e ecológico e que se preocupasse com o bem-estar e com o futuro das pessoas de Seul”, comenta Jareh Das, porta-voz do estúdio MVRDV, por e-mail.

Mas é preciso esperar para ver florirem muitas dessas espécies, trazidas de vários pontos do país. Com elas chegarão ao Skygarden muitas cores além das que são vistas nestes primeiros dias. “É a herança natural da Coreia do Sul levada para capital”, contam os holandeses.

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Desenho do estúdio MVRDV, que ilustra a variedade botânica que florescerá no Skygarden.

 

Para cumprir com as particularidades deste original projeto, a equipe de arquitetos trabalhou em colaboração com o escritório de engenharia sul-coreano KEDD e com o holandês Bem Kuipers, especialista em arquitetura paisagística.

Seus criadores tiveram que solucionar diversas exigências técnicas “ao frenético ritmo asiático”, relatam na MVRDV. O Skygarden nasceu em apenas dois anos, incluindo um complexo sistema de irrigação integrado ao solo em toda sua extensão.

 A intenção é que o Skygarden repovoe o resto do país com os diferentes tipos de plantas e árvores que crescem nele. Trata-se de um viveiro pelo qual se pode passear e parar para ler um livro numa biblioteca de rua, bronzear-se num solário ou admirar a vista da cidade a partir de um observatório. É um jardim urbano pensado para uma Seul mais gentil.

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Observatório vertical do Skygarden / Estudo MVRDV